Há exatos 200 anos, o Brasil vivia seus primeiros dias de república, muito antes de Deodoro da Fonseca ter destituído D. Pedro II e assumido o governo. Era 1817 e um grupo de intelectuais, incluindo alguns religiosos, instituíram o primeiro governo republicano no Brasil, em Pernambuco. Mas D. João VI, então Rei do Brasil, Portugal e Algarve, reprimiu com força o movimento, que durou apenas 75 dias. No mês de maio daquele ano, os líderes da “Revolução Pernambucana”, a primeira com caráter separatista, considerada o berço da democracia brasileira, foram derrotados e executados pelo crime de lesa-majestade; o governo provisório revolucionário foi dissolvido e Recife, evacuada.
É uma história pouco conhecida, mas muito estudada pelos grandes historiadores. A Biblioteca Nacional, depositária da mais completa coleção de livros, mapas, manuscritos e documentos icnográficos referentes a esta revolução, mostra ao público pela primeira vez parte desse acervo, na exposição “Pernambuco 1817, a revolução”, a partir de 10 de maio.
A exposição
A historiadora Maria Eduarda Marques, diretora do Centro de Cooperação e Difusão da Biblioteca Nacional e curadora da exposição, explica que ela será dividida em dois setores básicos: o que que ficará exposto nas galerias externas do terceiro andar será composto por imagens relativas aos principais personagens e à paisagem sócio cultural de Pernambuco daquele momento. “São reproduções de flores de algodão, que alude aos plantadores de algodão que apoiaram o movimento, e de engenhos de açúcar, porque parte da açucarocracia também apoiou o movimento, entre outras imagens”, explica.
O segundo setor acontece dentro do gabinete de Obras Raras, porque ali estarão expostos os documentos, manuscritos e impressos originais e também as publicações de época e atuais relativas ao tema da revolução.
“A BN guarda a mais importante coleção existente sobre este movimento que instalou a república por mais de 70 dias durante o reinado de D. João VI. A revolução de 1817 é considerada uma precursora da independência conquistada em 1822. Guardamos aqui, portanto, o documento da chama Lei Orgânica, considerada a primeira carta constitucional do Brasil feita por brasileiros. O documento instala o regime republicano, preconiza os direitos humanos e a liberdade de imprensa. Também será exposto o chamado “Preciso”, importante manifesto expedido pelo governo provisório que explicava à população sobre o movimento. Este foi o primeiro documento impresso pela tipografia pernambucana, considerado um passo importante para a afirmação do movimento. É importante notar que a Biblioteca Nacional tem todos os autos da devassa que vitimou pelo menos seis líderes revoltosos. Foram enforcados e depois esquartejados em praça pública”, explica Maria Eduarda, complementando que, além dos manuscritos, estarão expostos mapas e um conjunto de imagens iconográficas originais de Recife e de Pernambuco do início do século XIX, inclusive a bandeira dos revoltosos, adotada posteriormente como a bandeira oficial do estado.
Horários e Datas da Exposição
Data: 11/5/2017 a 15/8/2017
Período e horários: segunda a sexta, das 10h às 17h; sábado, das 10h30 às 15h
Como chegar:
https://www.bn.gov.br/visite/como-chegar/como-chegar-biblioteca-nacional-sede
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